Saber ler e escrever
A Rato – ADCC reiniciou o projecto Teclar que, por razões relacionadas com a mudança para a nova Oficina da Juventude do Miratejo, esteve parado.
Não vou enaltecer o trabalho que está a ser feito e vou simplesmente abordar a causa: a infoexclusão. Nicholas Negroponte é um cientista norte-americano que se tornou um guru moderno sobre as implicações das transformações que a Sociedade de Informação está a trazer à nossa vida quotidiana. Nicholas Negroponte empenhou-se no desenvolvimento de um
computador portátil com o valor de 100 dólares que seria distribuído por crianças dos países em desenvolvimento.
Num vídeo promocional da Fundação OLPC (One Laptop per Children – Um Portátil por Criança: disponível no canal do YouTube da Fundação - http://www.youtube.com/OLPCFoundation ele diz o seguinte: “Porque é que um miúdo num País em Desenvolvimento precisa de um portátil de todas as coisas quando poderá não ter comida, em alguns casos poderá não viver até aos 5 anos de idade, não têm água potável e os pais ganham 1 dólar por dia ou menos – Meu Deus
porque é que eles deveriam ter um computador pessoal? Tirem a palavra portátil e substituam-na por Educação e ninguém diria isso. Esta [computador portátil de 100 dólares] será a única esperança para eliminar pobreza, criar paz e proteger no ambiente. Eu não consigo pensar numa melhor maneira de o fazer”
Não se trata de ter a filosofia “think big” - afinal o computador custa aproximadamente 100€. O que Nicholas Negroponte sublinha é o poder da Técnica ao serviço do Homem nas suas melhores
possibilidades, intenções e realizações efectivas.
No mundo desenvolvido, a infoexclusão atinge sobretudo aqueles que são um dos primeiros resultados do desenvolvimento das nações: os idosos. Nunca se viveu tanto como nos dias de hoje. Mas essas pessoas que chegam à idade mais avançada são pessoas lúcidas (frequentemente dotadas de grandes capacidades intelectuais...) que são confrontadas com uma realidade
tecnológica em mutação que está na base na forma como comunicamos, nos relacionamos ou aprendemos.
A infoexclusão pode ser uma questão pouco urgente nos dias que correm mas será provavelmente daqui a 5 anos. Não me chamo Maya e nem tenho nenhuns poderes especiais mas utilizo o óbvio tal como os astrólogos – o computador [ou a máquina digital, numa perspectiva mais lata...] está presente em todos os domínios da nossa vida e se não temos competências no
domínio da literacia digital e mediática, nós afundamo-nos num estado de autismo social.
O projecto Teclar aborda este problema: proporcionar uma oportunidade formativa dirigida a uma faixa etária mais idosa que nunca ou quase nunca teve um contacto com o «bicho informático» - com frequência, as pessoas idosas enfatizam o medo de estragar o computador, do bloqueio ao computador feito pelos mais novos [filhos, netos...]. Mas o que é realmente importante neste trabalho é o próprio processo de aprendizagem que desenvolvem: muitas
vezes, as pessoas idosas não entendem o processo de aprendizagem como um processo de descoberta – muitas vezes com medo de fazer mal ou de «estragar» o computador, receiam o próprio computador em si. O grande desafio assenta em aceitar a mudança como normal e acertar não o relógio mas sim a velocidade dos ponteiros e gostar de ver como o relógio funciona
ou mesmo experimentar novos relógios. E aqui mais do que a ignorância, o pior adversário destes processos está no medo.
Consideramos ser importante que os agentes públicos (o Estado e as Autarquias Locais) e privados (as associações de reformados e pensionistas e outras organizações sem fins lucrativos) abordam este problema proactivamente e com noção de que o que importa aqui é que o truque está no processo de aprendizagem que é feito ao longo da Vida. De toda a Vida.
2 comentários:
Ja me estava admirar que a treta filosofica nao aparecesse, nao sei quem e o senhor mas essa ideia nao e nova, ha alguns anos atras criou se um computador para treceiro mundo ou seja barato o que se verificou e que a maioria por defeito ou ma utilizacao fui parar a lixeira criando um problema ambiental, logo apelido esse guru da "bela posta de pescada".
Agora a treceira idade, os velhotes e os que continuam jovens de espirito, que sao piores que os jovens quando toca a uma borla estao todos la caidos, acho muito bem que haja estas iniciativas mas que nao as pintem com as cores da camisola (Rato.
Acho que varias organizacoes devam apoiar estas iniciativas, mas sobretudo aquelas que tem qualidade e nao as feitas em cima do joelho, sem organizacao e por pessoas bem intencionadas mas que de formacao entendam muito pouco.
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