segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Coquetel Molotov


Neste último artigo de 2012, queria deixar uma mensagem de esperança. Não sou uma pessoa adequada para o fazer porque 1) sou considerado como uma pessoa pessimista e 2) tenho muito pouca fé no poder das palavras. As palavras são manipuláveis e, cada vez mais, não expressam uma acção ou uma realidade. Nem sequer processos de boas intenções...

Mas gostaria de deixar na mesma uma mensagem de paz e esperança, adequada às festividades desta época. Por isso vou escrever um artigo sobre a invenção do Coquetel Molotov!

O coquetel Molotov foi inventado pelos finlandeses aquando da invasão da União Soviética a este país em 1939. Perante a falta de recursos militares para parar a ofensiva do gigante miltar soviético, os finlandeses criaram esta arma, baptizando-a com o nome do Comissário para as Relações Externas da URSS, Vyacheslav Molotov. Mesmo perante o poderio militar dos soviéticos, o engenho dos finlandeses impediu a ocupação deste país que hoje é um dos mais desenvolvidos da União Europeia.

Lembrei-me do coquetel Molotov, quando assisti, no âmbito da Feira Social de Corroios, à celebração do primeiro aniversário da Loja Social de Corroios. Este é um espaço que visa apoiar famílias carenciadas da Freguesia de Corroios com bens de diversos tipos, de forma a suprir as suas maiores necessidades. Este projecto está ligado por sua vez a outras iniciativas como o Banco do Tempo ou a acções de formação Pro Emprego.

A Loja Social de Corroios é um projecto muito simples (tal como o coquetel Molotov...), com objectivos muito simples e cuja implementação foi fácil. Se pensarmos na sua fórmula, parece quase como um pudim instantâneo (mais uma vez, tal como o coquetel Molotov...).

Porém a concretização deste projecto, depende de alguns factores mas o que gostaria de salientar neste projecto é a importância da participação cívica das pessoas e das organizações em parceria para a resolução dos problemas das pessoas. Mas mais do que resolver, iniciativas como a Loja Social e o Banco do Tempo assentam numa abordagem proactiva das políticas sociais onde o cidadão tem um papel fundamental.

Porém não se ganham guerras com coqueteis Molotov... os finlandeses sabiam que podiam travar temporariamente os soviéticos mas não para sempre... em 1940, os dois países assinam um tratado de paz, havendo a cedência para a URSS de parte do território finlandês.

O mesmo se aplica às políticas sociais - os que defendem o voluntariado como uma solução low cost exclusiva para todos os problemas sociais estão profundamente enganados. É preciso um exército treinado e com armas para ganhar uma guerra. Se não existem recursos infra-estruturais , legais, logísticos ou humanos... as políticas sociais não irão surtir efeitos, tanto a curto como a longo prazo. No entanto, é fundamental para sustentabilidade das estruturas de apoio social que hajam projectos assentes na participação activa dos cidadãos.

Para finalizar, gostaria de desejar a todos os leitores, um 2012 cheio de coragem e vontade de viver. Até para o ano - falta pouco!

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