A Estrada – parte II
Sem querer fazer desta situação uma “telenovela”, gostava de pegar novamente no artigo “A Estrada” e na resposta que o mesmo artigo teve da parte Comissão Política de Secção da JSD do Seixal. Faço-o, não por ter necessidade em criar polémicas, mas por achar que é necessário discutir, sem receios e demagogias, as políticas de Juventude no concelho do Seixal.
“A Estrada” foi um artigo da minha autoria e publicado neste mesmo jornal e que originou uma resposta extensa da parte da JSD Seixal, justificando a sua opção pela sua campanha com um outdoor exigindo a alternativa à Nacional 10.
Olhando para trás e analisando aquilo que foi escrito por mim, o artigo tem, na sua substância, duas partes: 1) uma discordância em relação à escolha da acusação da JSD. Sou capaz de admitir que as palavras usadas por mim no artigo em referência possam conter alguma rispidez. De facto, há uma divergência ideológica entre aquilo que eu penso ser uma prioridade para o Concelho do Seixal e aquilo que a JSD considera ser uma prioridade. Não vou argumentar profundamente sobre a promessa não cumprida ou por cumprir. Nas campanhas eleitorais, todos os partidos fazem promessas – ao chegar ao Poder, umas cumprem-se, outras não. Promessas eleitorais são muitas vezes como cartas de amor – o Amor dá muitas voltas e a Política muitas mais. Não sejamos ingénuos: ainda está para surgir o partido que cumpre tudo o que promete. Atenção: não estou a desculpar o executivo da CDU ou a dizer que é correcto que eles não cumpram tudo o que prometeram. Não faço qualquer afirmação – estou sim a constatar um facto.
Claro que gostava que todos os partidos cumprissem tudo o que prometem e acho mal que não se cumpra o que se prometeu. Mas o cerne de “A Estrada”, em parte mal interpretado, não é esse.
É perfeitamente válido dizer que uma estrada é importante para todos os munícipes e que uma juventude partidária não deve unicamente lutar pelos direitos de um grupo etário concreto mas sim de todos os munícipes – concordo. É importante que se denunciem as promessas não cumpridas – também concordo. Ora a ideia no artigo não é essa: o busílis reside naquilo que eu considero ser a sua segunda parte – 2) a inexistência de uma agenda política para a área da Juventude. Na minha opinião, o problema coloca-se na escolha do tema do dito outdoor. Porque entre todas as promessas não realizadas pelo executivo da CDU, existem promessas na área da Juventude. Em vez de "Prometeram. Agora cumpram! Terminem a alternativa à Estrada Nacional 10", poderiam escrever "Prometeram. Agora cumpram! Construam a Casa Municipal da Juventude” ou "Prometeram. Agora cumpram! Abram o Centro de Recursos para a Juventude no Edifício Alentejo”. Simples…
As discussões políticas municipais tornaram o tema “Juventude” um assunto adiado: frequentemente, sinto-me um bocado palerma em escrever sobre isto porque não oiço ecos noutras vozes. Quando a JSD (sendo ela uma organização juvenil) coloca um outdoor sobre uma estrada, acaba por afirmar tacitamente o tema “Juventude” como secundário. Ora o tema não é secundário. Pelo menos, na minha modesta opinião, não é.
Acredito que esta situação não seja intencional da parte da JSD mas acaba-se por entrar num caminho repleto de lugares comuns e de palavras bonitas não passam disso mesmo. Considerava interessante que houvesse por exemplo um discurso político presente nesta área de todas as forças políticas no município e que houvesse uma mobilização para discutir. Os jovens são aptos para mais coisas do que carregar bandeiras de partidos... as juventudes partidárias poderão ser catalizadores dessa mesma discussão, correndo-se sempre o risco de vermos transportadas para este plano as tricas partidárias.
Para finalizar, gostaria de afirmar que o meu intuito neste artigo não é responder à resposta do JSD – foi um apelo sincero à criação de uma discussão produtiva nos actores partidários sobre o projecto político no concelho do Seixal para a Juventude. Não vale a pena chatearem-se – aquilo que eu penso ou escrevo não tira votos a ninguém…