Onde está o Wally?
Antes de começar a escrever este artigo de opinião, eu tinha em mente uma outra ideia. Mas ontem estava na praia (um bom local para pensar sobre estas coisas da Política...) e lembrei-me de fazer esta pergunta a mim próprio: “Quem é o Secretário de Estado da Juventude e do Desporto ?”O leitor que, neste preciso momento, está a ler esta crónica, sabe qual é o Secretário de Estado do Desporto da Juventude? Se não sabe, não tenha vergonha: eu também não sei - já somos dois e podemos partilhar solidariamente a nossa condição de ignorantes.
Mas no meu caso, eu deveria ter vergonha - tenho trabalhado há mais de 15 anos na área da Juventude e tenho sido um defensor do reforço das políticas de Juventude e da valorização das organizações de Juventude. Mas era mesmo importante para mim saber quem era o Secretário de Estado da Juventude e do Desporto? Não sei.
Porque, se por um lado, é importante saber quem é a pessoa que vai conduzir este domínio político, por outro, o papel da administração central sempre foram uma terra de ninguém onde normalmente se coloca um delfim. Com o reforço das indústrias do desporto, a realidade é que os agentes que estão no domínio político da Juventude sentem que este Secretário de Estado não é Secretário de Estado da Juventude e do Desporto mas sim Secretário de Estado do Desporto da Juventude.
É uma grande tendência estrutural num País que quer pão e circo e que as grandes corporações dominam as agendas políticas consoante os seus interesses. Quem está no terreno, vê estas mudanças políticas como alguma indiferença. É como se pegássemos num livro da famosa série “Onde está o Wally?” e perguntássemos a nós próprios: será mesmo importante saber onde está o Wally? Ficamos mais cultos ou inteligentes ou será que é só um passatempo?
Qual é a importancia que este Secretário de Estado vai ter na vida dos jovens e das organizações? Será que ele vai fazer diferença? Não sei... mas tenho muitas dúvidas. Não pelo senhor que eu nem sei quem é... não pelos partidos... não pelos técnicos que trabalham na Secretaria de Estado e no Instituto Português da Juventude. As políticas de Juventude, em vez de se assumirem com um papel maior e liderante, diluem-se nas áreas da Educação, do Desporto, da Cultura... e pergunto-me: faz sentido haver uma Secretaria de Estado da Juventude? Ou faz sentido haver sectores de Juventude nas Câmaras? Eu, honestamente falando, não sei a resposta para esta questão. Não sei... e sei que há muitas pessoas que também não o sabem apesar de dizerem o contrário.
Quem está cá em baixo sente que começa a ser irrelevante esta dança de cadeiras. O Wally está lá mas é só para sabermos que está lá e nada mais.
P.S.: Depois de ter escrito o artigo, fui à Internet... procurei bem... e já sei quem é o Secretário de Estado da Juventude da Juventude e do Desporto! Chama-se Alexandre Mestre e, de acordo com o Semanário Sol, é “um jurista especializado em Direito Desportivo e passa pela segunda vez pela secretaria, depois de entre 2003 e 2005 ter sido adjunto de Hermínio Loureiro. Pertencia actualmente à sociedade de advogados PLMJ, liderando a equipa de Direito de Desporto.” - por favor, tirem as vossas conclusões...