sábado, julho 28, 2007

Sérgio Godinho - O Primeiro Dia

A principio é simples, anda-se sózinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no borborinho
bebe-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo, dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado, que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se, come-se e alguém nos diz: bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Depois vêm cansaços e o corpo fraqueja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso, por curto que seja
apagam-se dúvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar, sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vazia
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.

Pois é... a Oficina da Juventude do Miratejo fechou hoje

sexta-feira, julho 27, 2007

O povo é aquela parte do Estado que não sabe o que quer.

Anónimo

quinta-feira, julho 26, 2007

há-de flutuar uma cidade...

há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida
pensava eu... como seriam felizes as mulheres
à beira mar debruçadas para a luz caiada
remendando o pano das velas espiando o mar
e a longitude do amor embarcado

por vezes
uma gaivota pousava nas águas
outras era o sol que cegava
e um dardo de sangue alastrava pelo linho da noite
os dias lentíssimos... sem ninguém

e nunca me disseram o nome daquele oceano
esperei sentado à porta... dantes escrevia cartas
punha-me a olhar a risca de mar ao fundo da rua
assim envelheci... acreditando que algum homem ao passar
se espantasse com a minha solidão

(anos mais tarde, recordo agora, cresceu-me uma pérola no
coração. mas estou só, muito só, não tenho a quem a deixar.)

um dia houve
que nunca mais avistei cidades crepusculares
e os barcos deixaram de fazer escala à minha porta
inclino-me de novo para o pano deste século
recomeço a bordar ou a dormir
tanto faz
sempre tive dúvidas que alguma vez me visite a felicidade

Al Berto

quarta-feira, julho 25, 2007


Em Wisla (o «l» leva um tracinho - lê-se, em português, qualquer coisa como vissua...), Polónia.

É a estátua de um "Robin dos Bosques" local que os polacos dizem que é polaco e os eslovacos dizem que é eslovaco... ele tinha a particularidade de usar um machado.
Don't dream, it's over...

There is freedom within, there is freedom without
Try to catch the deluge in a paper cup
There's a battle ahead, many battles are lost
But you'll never see the end of the road
While you're traveling with me

Hey now, hey now
Don't dream it's over
Hey now, hey now
When the world comes in
They come, they come
To build a wall between us
We know they won't win

Now I'm towing my car, there's a hole in the roof
My possessions are causing me suspicion but there's no proof
In the paper today tales of war and of waste
But you turn right over to the T.V. page

Now I'm walking again to the beat of a drum
And I'm counting the steps to the door of your heart
Only shadows ahead barely clearing the roof
Get to know the feeling of liberation and relief

Hey now, hey now
Don't dream it's over
Hey now, hey now
When the world comes in
They come, they come
To build a wall between us
Don't ever let them win

FIM... há pessoas que vivem numa narrativa aberta.

terça-feira, julho 24, 2007

Oficina

A palavra “oficina” tem acompanhado o percurso da associação à qual presido: durante os últimos anos a Rato - ADCC tem desenvolvido um trabalho de formação e sensibilização para as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação na Oficina da Juventude do Miratejo (OJM).
Esta oficina vai encerrar temporariamente na próxima semana para passar para junto ao novo mercado do Miratejo. Foi fundamental que a Câmara Municipal tenha estado disponível para a criação do protocolo com a Rato – ADCC: a cedência de duas salas (uma sala administrativa e uma sala de formação) na Oficina permitiu à associação crescer exponencialmente na qualidade e quantidade da sua intervenção. Eu, enquanto Presidente da Rato – ADCC, tenho de agradecer à Vereadora responsável pelo pelouro da Juventude na altura - Corália Ribeiro - e aos técnicos da Câmara Municipal do Seixal que acreditaram no projecto. Também gostaria de agradecer aos técnicos de atendimento ao público na OJM que passaram a ser nossos “colegas”...

A palavra “oficina” contém uma ideia de produção. Uma oficina não é uma loja ou um balcão onde se oferece um bem ou serviço. Se traduzirmos a palavra conseguimos as palavras workshop (em inglês) ou atelier (em francês) o que nos ilustra ainda melhor o conceito de trabalho. Resumindo, uma oficina é um local onde se trabalha e o trabalho é, em última análise, um acto de transformação da realidade. Esta linha de argumentação pode ser conotada com uma visão marxista mas isso só me ajudará no apelo que quero fazer neste artigo.

Esta pausa na OJM pode marcar o início de um capítulo onde os equipamentos para a Juventude do Seixal poderão ser isso mesmo: locais onde as pessoas (e neste caso especial, os jovens...) podem produzir; mais do que receber, dar. E aqui há uma questão central: o acesso ao equipamento e o seu modelo de gestão – com o volume de atribuições e responsabilidades que têm sido atribuídas aos municípios, é difícil para a autarquia incutir uma dinâmica que cumpra a ideia de trabalho e produção. Para isso a Câmara tem de contar com as parcerias que tem com o Movimento Associativo, nomeadamente com as associações juvenis. E para que as organizações juvenis consigam ter uma relação produtiva, é necessário que o equipamento seja fruto da participação efectiva das organizações juvenis.

Este processo não é fácil mas é necessário que os responsáveis pelos novos equipamentos estejam conscientes que, por exemplo, é impensável que uma reunião de uma associação que não se possa prolongar por causa de um horário de funcionamento. O associativismo juvenil depende do tempo livre dos seus associados jovens que, mesmo estudando, só têm tempo depois do jantar ou no fim de semana. Esta incompatibilidade só pode ser resolvida com uma lógica diferente no modelo de gestão e de funcionamento dos equipamentos juvenis. A Câmara Municipal pode ser titular e proprietária do equipamento mas tem de pensar como uma estrutura em rede, promotora de parcerias onde o trabalho não depende de uma chave de um edifício...

Mas vou mais longe nesta reflexão: é uma questão de Justiça para as organizações juvenis haver um equipamento que tenha essa flexibilidade e que possa, dessa maneira, servir de espaço de trabalho. Tal como uma oficina. Pode não haver dinheiro para as sedes das associações juvenis, pode não haver dinheiro para uma casa da juventude e podem haver cortes nos apoios às estruturas juvenis mas tem de haver um espaço para que as estruturas juvenis tenham uma “bolha de oxigénio”.

Não podemos esperar que haja uso do equipamento quando este não se ajusta às necessidades dos jovens e das estruturas juvenis ou quando não há familiaridade com estes. Embora existindo um terreno fértil a novos projectos juvenis e que haja já um trabalho feito nesta área, não podemos ficar satisfeitos e temos de estar conscientes da urgência da abertura para estas “novas velhas” ideias...

Quero acreditar, e digo isto sem sarcasmo e cinismo, que os responsáveis políticos e técnicos pela orientação deste “novo” equipamento (a nova oficina da juventude do Miratejo) que ressurgirá brevemente, tenham a coragem de alterar regras institucionalizadas e adaptar às novas formas de participação e às necessidades específicas do concelho do Seixal.

Podemos fazer da “nova” oficina um sítio para reparar “novos velhos” males...

sexta-feira, julho 20, 2007

"All my life I've been fearful of defeat. But now that it has come it's not near as terrible as I'd expected. The sun still shines, water still tastes good...glory is all well and good but life is enough, nay?"

Roma foi uma série do caraças...