Cortar... colar!
No início do frenesim dos cortes e das poupanças, a caça às gorduras do Estado começou pelo elo mais fraco: a Juventude. Elementar, meu caro Watson!
No dia 4 de Agosto, o Conselho de Ministros comunicou a criação do Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), fundindo o IPJ (Instituto Português da Juventude) e o IDP (Instituto do Desporto de Portugal). Nesta lógica, lembraram-se em extinguir a Fundação para a Divulgação das Tecnologias de Informação (FDTI).
Para quem não conhece, a FDTI é uma fundação pública que desenvolve um trabalho na área da formação e qualificação no domínio das Tecnologias de Informação e Comunicação. Articulando-se com o IPJ, o FDTI foi responsável pela alfabetização digital de muitos portugueses. Confesso que não sou um fã dos cursos do FDTI - no entanto, reconheço o trabalho meritório que tem sido desenvolvido ao longo destes anos da sua existência. Milhares de formadores que estiveram e estão ligados a esta instituição foram, com mais ou menos sucesso, responsáveis pela introdução de muitas pessoas no Mundo da Informática.
Ao extinguir o FDTI, o governo poderá poupar dinheiro (o que é questionável...) mas o trabalho que o FDTI faz, terá que ser obrigatoriamente feito. Portugal é um país que pode ter muitos telemóveis e muita banda larga mas, em rigor, somos um país atrasado no domínio das literacias digital e mediática. Quem trabalha no terreno, vê a infoexclusão como um problema real e cada vez maior dado que há cada vez mais solicitações na vida de um cidadão para a utilização de um computador ligado à Internet... mesmo que ele não goste da ideia ou não queira. Não há recusa possível - o Mundo moderno assim o obriga.
Há uma falta de conhecimento na população Portuguesa na utilização de um computador e das potencialidades que esta tecnologia em áreas como a Educação, a Cidadania, Empreendedorismo ou Empregabilidade. O computador é mais do que uma máquina de jogos e a Internet é mais do que ver as fotos do amigo no Facebook.
Há um trabalho a ser feito e alguém tem de o fazer. Mais tarde ou mais cedo - quando houver dinheiro - vão criar uma estrutura ou um mecanismo para desenvolver esta tarefa hercúlea. A extinção do FDTI é um exemplo de um corte cego - posso aceitar que se fizessem alterações à sua estrutura, a moldura legal, as estratégias de intervenção... mas a sua missão faz sentido para tornar o país mais informado, mais competitivo, mais eficiente... em suma, mais capaz para enfrentar os problemas da Globalização e assim ultrapassar estruturalmente a crise.
Em informática, há uma diferença entre eliminar e cortar - no primeiro caso, elimina-se. Com a operação “cortar”, tira-se para depois colar. Perante a pertinência e urgência da alfabetização digital dos Portugueses, só nos resta responder à seguinte pergunta: “Cortámos com o FDTI... então aonde colamos as suas atribuições e competências?”
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